Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Par-Ímpar / Pirâmide do Faraó

Semana passada, segunda semana de círculo, inicie as aulas com a atividade par-ímpar (parecido com vivo-morto: se dissesse número par eles tinham que bater palmas e se dissesse ímpar eles tinham que ficar "imóveis"). É válido observar como o interesse pelas atividades muda de acordo com as idades. Nas turmas de 3º e 4º ano, onde os alunos já conheciam a classificação par-ímpar, eles gostaram, mas 5 minutos nessa atividade foi suficiente, pois não era algo novo. Mas, nas turmas de 2º ano, onde ainda não conheciam sobre par-ímpar, conversamos primeiro sobre esses números e eles logo entenderam a classificação, passamos a brincadeira e acho que poderia ficar a aula inteira nessa atividade e eles ainda estariam animados brincando com isso! Era um grande desafio acertar a classificação, ainda mais com números grandes!

Depois fizemos a atividade da pirâmide e os alunos estavam animados quando sugeri que a realizássemos com professor X alunos. A princípio acharam que sempre tinham que marcar 2 x's (símbolo deles) em cada jogada para ganharem, achavam que tendo mais de seus símbolos poderiam ganhar mais fácil, mas ao longo do jogo foram percebendo que isso não influenciava no resultado e alguns alunos optaram por marcar somente um x em suas jogadas. Jogamos isso durante o restante da aula e alguns alunos começaram a pensar em estratégias para ganhar à medida que entendiam melhor o jogo. A pirâmide inicial tinha 6 andares, mas em algumas turmas, por sugestão dos alunos fizemos pirâmides maiores o que tornou a brincadeira mais longa e mais "desafiadora".





sábado, 15 de março de 2014

Aula com preços e dever de casa para a professora



Ontem iniciei as atividades do Círculo em uma turma do 5º ano. Atendi a turma completa, com 28 alunos, todos juntos, pois como o tempo estava ruim, chovendo, ia ficar muito difícil levá-los até o laboratório de Química. A grande maioria foi atendida por mim o ano passado. Comecei perguntando seus nomes e os escrevendo no quadro, formando três colunas. Na primeira coluna ficaram 10 nomes e na segunda e na terceira ficaram nove nomes. Perguntei para a turma quantos nomes havia no quadro. Eles deram os seguintes palpites: 29, 30, 32, 27, 26, 31 e 28. Depois eles começaram a contar e começamos a contar todos juntos chegando ao resultado 28. Perguntei a eles se havia outra forma de contar a quantidade de nomes. Eles responderam que sim. Então contamos quantos nomes havia em cada coluna: 10 na primeira coluna, nove na segunda coluna e nove na terceira coluna. Eles disseram que poderíamos somar 10+9+9 = 28. Depois perguntei quais colunas possuíam o mesmo número de alunos e perguntei como fazer para que todas as colunas tivessem o mesmo número. Eles responderam que era só tirar um nome da primeira coluna. Então tirei o nome e eles disseram que agora era pra somar 9+9+9+1, que dava 28. Circulei os três “noves” e perguntei a eles quantos “noves” tinham. Eles responderam que eram três. Então perceberam que 3x9 = 27 e depois somaram o “1” que havia sido tirado resultando o 28.
Depois dei uma folha em branco para todos os alunos e pedi que eles colocassem seus nomes e depois que colocassem uma conta que eles soubessem resolver.
Em seguida, perguntei a eles se eles costumavam ir ao supermercado com os pais e eles disseram que sim. Perguntei o que eles costumavam comprar e eles foram me dizendo alguns itens e os listei no quadro. Perguntei a eles quanto custava cada produto e fui anotando os valores, geralmente próximos para cada item. No quadro coloquei o símbolo "R$" e perguntei a eles o que significava. Dois alunos responderam que o R era real e o $ eles não sabiam o que era. Então perguntei se o real era a única moeda que existia e eles disseram que não, que também tinha o dólar e perguntei qual era o símbolo do dólar. Eles disseram que era um “U” e esse “s cortado”. Então expliquei que era o cifrão e que estava relacionado a dinheiro e por isso ele é utilizado tanto no real quanto no dólar e em outras moedas.
Perguntei a eles se fossemos comprar só os itens que estavam no quadro, quanto custaria. Eles não tiveram muita ideia e falaram valores bem altos entre R$100,00 e R$500,00. Os ítens eram pão, carne, arroz, feijão, açaí e manteiga.
Na aula seguinte trabalharei esses ítens com eles utilizando os dinheiros de brinquedo.
Depois pus alguns números no quadro como: 0,0357; 3,15; 4,2 e 3,07. Perguntei a eles se eles já tinham vistos números escritos dessa forma e eles responderam que sim. Perguntei qual deles era o maior. Uma aluna respondeu que era o 0,0357. Perguntei porque e ela disse que esse número era o “trezentos e cinquenta e sete”.
Já perto do final da aula pedi a eles que me passassem um dever de casa, que, ao invés de eu passar um dever, eles que iriam passar pra mim. Pedi que eles passassem uma conta difícil para eu resolver. Eles foram logo perguntando se era só uma e eu respondi que poderia ser quantas eles quisessem. Perguntaram também se era "de mais", "de menos" ou de "de vezes" e eu respondi que poderia ser qual eles quisessem. A maioria encheu a folha de papel com as contas e disseram que eu vou ter que fazer tudinho e sem usar a calculadora!

Manoela Franco.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Início das Atividades 2014

Essa semana retomei as atividades do Círculo em algumas escolas públicas de Porto Alegre! A maioria dos meus alunos já teve aulas comigo no ano passado e estavam muito felizes com a volta às aulas. Mas, também tenho algumas turmas novas e alguns alunos novos nas turmas que já dava aulas, eles vão passar por uma fase de adaptação, pois as aulas são totalmente diferentes do que eles conhecem...
Nas turmas onde já tinha dado aulas, os alunos já entraram na sala perguntando sobre a máquina de funções e a bailarina, fiquei feliz ao ver que ainda lembravam tão bem das atividades realizadas ano passado.
Mas, a proposta dessa semana foi "montar" uma loja e dar a eles notinhas de dinheiro para que brincassem de compra-venda. Em uma das turmas, criaram a loja do anjos e tínhamos poder de anjo, roupa de anjo e arco e flecha pra vender, tudo bem caro (afinal, coisas de anjos devem ser caras certo? foi o que me disseram...).
Levei notas de dinheiro de brinquedo de um jogo que tinha em casa, eram notas que iam de R$1000 a R$ 100000. Eles estavam animados ao brincar com esses números grandes! Foi interessante que algumas das peças que eles quiseram colocar a venda nas lojas valiam menos que R$ 1000 e eles logo diziam, "profª tu vai ter que dar troco!", eu perguntava "quanto?", mas muitos tiveram dificuldade em responder, em alguns casos diziam, muito troco, em outros pouco troco, mas foi legal ver eles tentando descobrir, afinal, todos queriam o troco certo!

-  um dos alunos descobriu como calcular seu troco e ficou tão empolgado que me dava notas maiores na compra só para poder dizer o troco que resultava de cada nota diferente que me dava.

- outro aluno me disse que queria comprar uma arma de paintball (sim, nessa turma quiseram montar uma loja que vendesse produtos de paintball). Perguntei a ele que nota me daria e sua resposta foi muito engraçada, disse: "olha, se você estivesse me incomodando e eu quisesse te dar trabalho, te daria a nota de R$ 100000 para você precisar ficar mais tempo calculando o troco para me devolver. (que bom que eu não estava incomodando ele...)

- em outra turma quiseram vender uma escola na loja. Colocaram o preço de R$ 19000000000! Perguntei se com o dinheiro que eles tinham dariam para comprar a escola. A princípio disseram que sim, então pedi que separassem o dinheiro da compra e me dessem. Quando começaram a analisar suas notas, perceberam que não daria. Um aluno sugeriu : "acho que se juntarmos o dinheiro de todos da turma podemos comprar a escola". Bom, começamos a fazer isso, mas quanto mais juntávamos, mais eles percebiam o quanto 19000000000 era realmente um valor alto. No fim da aula um dos alunos disse: "É professora, descobri que uma escola realmente vale mundo, acho que precisamos do dinheiro do mundo inteiro pra comprar ela". Tive que rir, e respondi "é, uma escola vale muito mesmo!"


Foi muito bom estar de volta às escolas e rever os alunos e professores! Também foi bom conversar com a coordenação pedagógica sobre as atividades do ano passado e ver como estavam animados com a experiência e os resultados obtidos. Foi um ótimo recomeço e mal posso esperar pela experiência de mais um ano de prática do Círculo da Matemática nas escolas. Fazer parte dessa investida para uma melhor educação no Brasil é mesmo uma oportunidade única e um privilégio.